São quatro espetáculos, nacionais e internacionais
“A chamada ‘dança contemporânea’ parece ser quase toda ela uma zona de fronteira onde frequentemente é a presença do corpo, é o fato do corpo, mais do que do movimento, o passaporte para o trânsito entre regimes expressivos. Daí que a cena possa acolher (problemática, mas generosamente) aquilo a que nos referimos como performance, teatro físico, teatro coreográfico, teatro-dança, live art, balé contemporâneo etc.” Paulo Caldas
Num momento em que as diferenças estão sendo interpretadas mais como obstáculos intransponíveis do que como um sinal de riqueza e diversidade, a 1°Cena de Dança do Tiradentes em Cena vêm com a proposta de provocar encontros e expandir as possibilidades de diálogo com o público. Uma programação vibrante e heterogênea traz a efervescência de criadores de diferentes gerações, perfis e nacionalidades, expondo a pluralidade de suas obras.
Compartilhando do pensamento de Paulo Caldas, a programação instiga reflexões sobre o amplo cenário que vêm sendo desenhado pelos artistas das artes performáticas, por intermédio de trabalhos que trafegam entre a sutileza e o escárnio, o lirismo e o deboche, com abordagens bastante instigantes sobre temas que nos tocam e nos aproximam.
Essa diversidade se estende ainda aos locais de apresentação, os quais extrapolam as paredes do teatro tradicional.
Espetáculos:
DIA 6, ÀS 22H – SOBRADO AYMORÉS
Hell (São Paulo) ou o Incrível duelo entre Elle Driver e Ed Boy
ou Por um pouco de brilho e euforia
ou Seu dinheiro de volta
“Quando as palavras não servem mais como mediação, resta o embate... de corpos.” Um ringue – um tabuleiro – um espetáculo – brilho, som e fúria – uma luta – vencer a qualquer custo e às custas de qualquer um – Hell inaugura a parceria entre os artistas Edson Calheiros e Elenita Queiroz e surge do entrecruzamento de dois universos coexistentes: o contexto social, cultural e econômico do final do século XX e as inferências que emergem da memória afetiva dos artistas cocriadores em relação à esse período. Assistindo a capacidade cada vez mais frustrada de comunicação verbal como caminho para as discordâncias, Hell se inspira nas palavras desbunde, apocalipse, glamourização e artificialização para trazer à tona um universo repleto de euforia e contradições. Enquanto uns se recolhem ao silêncio, outros se utilizam do berro como estratégia de subjugação. Assim, a investigação coreodramatúrgica vai ao encontro de problemáticas e desassossegos cotidianos, e encontra reverberações principalmente no que se refere às questões de poder e gênero. A estrutura da obra tem como base a instauração de uma zona coreográfica ativada pelos dançarinos (os jogadores) que, atravessados por referências de épocas distintas (anos 80 e 2000), instauram suas ações enquanto extensão comportamental de desdobramentos que ecoam na contemporaneidade.
Concepção, criação e performance: Elenita Queiroz e Edson Calheiros – Hell’s Dance Corporation
Dramaturga convidada: Cíntia Alves
Preparação de Tele-catch: Pedro Mucholloco
Produção: Valmiro Júnior
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
DIA 8, ÀS 20H – TEATRO SESI – CENTRO CULTURAL YVES ALVES
Entangling
Wendy Jehlen (EUA) e Lacina Coulibaly (Burkina Faso)
Entangling tem como ponto de partida o entrelaçamento quântico, fenômeno onde dois átomos fisicamente separados no espaço e no tempo tornam-se um só. Inspirada pelo trabalho da física norte-americana Lisa Randall, a estrutura do espetáculo é manifestada por movimentos intermitentemente fugazes e profundos, antes de retroceder à invisibilidade próxima. Como metáfora à sensação do sentir-se entrelaçado com pessoas de todo o mundo, o trabalho expressa a realidade subjacente de que todos estamos inextricavelmente conectados uns aos outros.
Concepção e coreografia: Wendy Jehlen e Lacina Coulibaly
Dança: Wendy Jehlen e Lacina Coulibaly
Produção Local: Valmiro Júnior – Jogo de Bola Produções
Duração: 55 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
DIA 13, ÀS 20H – TEATRO SESI – CENTRO CULTURAL YVES ALVES
Adeus Corpo Gentil, Morada do Meu Desejo / Cia. Danças Claudia de Souza (São Paulo)
O espetáculo surge através da revisitação do espetáculo “Corpo: Desejo e Consumo”, desenvolvido pela companhia em dezembro de 1999, a convite do Itaú Cultual, para integrar o evento Cotidiano/Arte: Consumo. Mais do que uma releitura, Claudia de Souza utilizou-se deste trabalho como maneira de buscar uma inspiração poética no universo criado através da correlação entre o desejo e o ato de consumir, tendo o corpo como um instrumento de desejo, manifestando-se como objeto e como criador de impulsos e sensações.
Direção Geral: Claudia de Souza
Assistente de Direção: Cristiana de Souza e Rodrigo Rivera
Elenco: Claudia de Souza, Cristiana de Souza, Janaína Castro, Yeda Peres, Felipe Lwe,
Rodrigo Rivera, Valffred Souza e Tutu Morasi
Bailarino Pré-profissional : Carolina Tomaz e Lucas Oliva
Bailarino Aprendiz: Rozmari Araruna e Douglas Salgado
Iluminador: Flávio M. Silva
Coordenação de Produção: Cristiane Klein (Dionísio Produção)
Apoio: Cooperativa Paulista de Teatro
Duração: 55 minutos
Classificação Indicativa: 16 anos
DIA 14, ÀS 18h – SOBRADO AYMORÉS
A Flor da Lua / dança de Marcus Moreno (São Paulo)
A peça foi criada EM capítulos breves. Tal como a flor da lua nasce e perdura por uma única noite, a dança se expande a caminho do encerro.
#1 - Prólogo. Do desejo de seguir dançando. Daquilo que antecede o desejo. Pólen.
#2 - Universo em expansão. Semente.
#3 - Sobre um modo de acolher. Preparo constante. Instante. Folhagem.
#4 – Para insistir em brotar.
#5 – Orla escura de uma floresta ao meu redor.
#6 - Espera. Calma. Canção.
#7 - A Flor da Lua. Um instante-já.
#8 – Mirrar. Esgotar. Desvanecer.
#9 – Amanhecer.
Concepção e Dança: Marcus Moreno
Colaboração Artística: Key Sawao
Colaboração Sonora: Manuel Pessôa de Lima
Luz: Calu Zabel
Espaço Cênico: Marcus Moreno
Fotos: Danilo Patzdorf
Produção: Cristiane Klein | Dionísio Produções
Duração: 30 minutos
Classificação: livre