Casarão Aimorés com capacidade máxima. Sala lotada! 110 pessoas se emocionaram com o espetáculo Brimas, que conta a história de Ester e Marion, duas imigrantes que revivem suas trajetórias, com muito drama e humor, enquanto cozinham quibes para um velório. As atrizes Beth Zalcman e Simone Kalil tiveram onde se inspirar. O enredo é baseado na vida de suas avós, que saíram jovens de seus países – Egito e Líbano – e foram acolhidas no Brasil no início do século Passado. Quando a peça acabou, dava para ouvir os aplausos de qualquer ponto da rua Direita. Merecidamente aclamada, Brimas traz à tona um tema bem atual – a imigração. E nos faz lembrar não apenas da tolerância, mas do respeito que temos que ter em contato com as diferenças, sejam elas de culturais, sociais, econômicas, políticas ou de qualquer natureza.
“Nós fomos recebidas com um afeto, um carinho que é tão característico de Minas, tão acolhedor. E a peça tem esse tom acolhedor. Porque a peça se passa em uma casa de vó. E o Tiradentes em Cena, esse ano, tem o tema da nossa peça, que é tolerância, que é o amor, que é o respeito. O mundo precisa disso. A gente precisa aprender a debater ideias, a ouvir, a repensar, a estar junto e, principalmente, a respeitar e a tolerar tudo aquilo que é diferente. A diferença é a nossa grande riqueza”, disse Simone Kalil, ainda emocionada, ao sair da apresentação.
Para Beth, a peça é universal, o teatro não tem lugar específico para ser feito. “Eu acho que essa que é a beleza. Muito interessante como o público entendeu tudo e se identificou tanto. Uma vez, a gente encenou a peça e alguns nordestinos que assistiram disseram que se sentem imigrantes morando no Rio de Janeiro. A história é a mesma para todo mundo. Somos todos imigrantes. A peça toca, porque fala de afeto, fala de tolerância, fala de família”.
Para a artista plástica Deborah Engelender, residente de Tiradentes, o espetáculo foi ainda mais especial. “Gostei demais da peça. Na verdade, me tocou muito, porque eu me lembrei demais da minha avó. Eu sou descendente de judeus e a minha história é exatamente essa – a história de como meus avós chegaram aqui, aquela coisa da rua da Alfandega. E eu tinha uma avó, que eu gostava muito dela, que era atriz de teatro, que foi colocada em um navio com 15 anos de idade. Eu me identifiquei com muita coisa”, conta, emocionada, ao descer as escadarias do Casarão Aimorés.